BIO
Pamela Araújo, (Brasília,1988), vive e trabalha em Montpellier desde 2016.
Na interseção entre pintura, objetos, fotografia e escrita, sua prática investiga o sentimento de incompletude humana e nossa maneira de estar-no-mundo, nutrida por suas experiências de migração e de vida nômade.
Formada em arquitetura (Brasília, 2014), ela integra naturalmente os princípios do projeto arquitetônico em sua pesquisa pictórica. Através de jogos de encaixe, fragmentação, recomposição ou preenchimento, questiona a ambiguidade do cheio e do vazio e das possibilidades de criação dentro das restrições impostas. Formas geométricas e cores tornam-se ferramentas de exploração plástica e existencial.
Atualmente, é artista residente nos ateliês da La Restanque, em Montpellier.

STATEMENT
Meu trabalho, situado entre várias disciplinas, se desenvolve principalmente entre pintura e objetos escultóricos, articulando técnicas mistas da acrílica e óleo à cerâmica e madeira. A pesquisa parte de um interesse pela forma e pela cor enquanto elementos construtivos, capazes de gerar composições geométricas marcadas por equilíbrio, tensão e contraste.
A composição geométrica funciona como um princípio de organização e relação. Fragmentos, tramas e módulos se justapõem, se encaixam ou se seccionam, criando estruturas que sugerem articulações, rupturas, mas também re-composições. A cor atua como elemento estruturante, definindo campos, volumes e ritmos visuais que moldam o espaço e constroem vínculos entre as formas, a artista e o espectador.
Essas composições operam como paisagens metafóricas, construídas a partir do desenraizamento, dos vazios e das inquietudes existenciais. Sugerem a busca por ancoragem, pertencimento em meio à instabilidade de estar-no-mundo. A ausência não é tratada como falha ou perda, mas como espaço ativo, onde surgem tensões e possibilidades.
O trabalho se organiza como um processo contínuo de construção e reorganização. Formas, cores e materiais participam de relações abertas, em constante transformação. Nesse movimento, a incompletude torna-se elemento estrutural, não algo a ser superado, mas condição fundamental da experiência e motor de criação.
