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Pinturas - Ativas

A série, inicialmente intitulada "Encaixes e desencaixes", em desenvolvimento desde 2022, é uma metáfora dos ajustes constantes que se pode experimentar o sujeito estrangeiro. Essa sensação de transitoriedade se manifestou tanto durante os seis anos em que a artista viveu na França quanto após seu retorno ao Brasil em 2022. A artista descreve essa vivência como um ciclo contínuo de "desencastrar-se para se encastrar novamente", processo que reflete sua percepção de identidade e de lugar. Na língua portuguesa, essa dualidade é destacada pelos verbos "ser" e "estar", que diferenciam estados permanentes e temporários, influenciando a forma como ela lida com a ideia de "quem sou" e "onde estou".

 

Em suas pinturas, essa experiência se revela de maneira clara. Formas geométricas, completas ou fragmentadas, são integradas a tramas preexistentes, criando composições que oscilam entre a presença de cores vivas e contrastantes e a aceitação do vazio. Suas obras propõem uma exploração visual das inúmeras possibilidades de encaixe entre formas e tramas, sempre deixando espaço para interpretações subjetivas, sem a necessidade de preencher todos os espaços.

 

A série evoluiu quando a artista iniciou uma vida nômade pela América do Sul, em 2022, com seu ateliê itinerante instalado em uma kombi. Foi nesse momento que surgiram as "pinturas-ativas", objetos tridimensionais derivados diretamente das pinturas existentes. Esses protótipos foram inicialmente construídos com papel paraná, fios de metal e nylon, materializando as formas de suas pinturas e dando-lhes vida em novos territórios.

 

Ao longo de suas viagens pelo Brasil, Argentina, Chile e Bolívia, esses objetos interagiam com os espaços e paisagens que encontravam, ocupando-os e estabelecendo uma conexão física e simbólica com o ambiente..

 

As "pinturas-ativas" não apenas ocupavam o território, mas também estabeleciam um diálogo com ele, interagindo de forma direta com as paisagens, como se fizessem parte do ecossistema visual. As paisagens naturais e urbanas influenciavam a disposição dos objetos, que se tornavam parte integrante dos cenários por onde passaram. Esses protótipos, ainda efêmeros devido à natureza dos materiais utilizados, eram ao mesmo tempo vulneráveis e presentes em sua intenção de transformar o ambiente ao seu redor, funcionando como metáforas visuais da própria adaptação da artista aos espaços.


Atualmente, a série está em desenvolvimento, com a construção de novos protótipos utilizando materiais mais duráveis, como cerâmica e madeira, embora a efemeridade continue presente em sua essência. As "pinturas-ativas" fazem parte da quarta fase da série "Ensaios para estar-no-mundo", onde as formas geométricas, antes limitadas ao plano bidimensional da tela, agora habitam o espaço tridimensional. As pinturas-ativas além da simples representação, atuam como corpos que ocupam e transformam o território, reforçando a ideia de pertencimento e de interação constante com o mundo ao redor.

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