ensaios para estar-no-mundo
A série "Ensaios para estar-no-mundo", inicialmente intitulada "Encaixes e Desencaixes", teve sua concepção em meados de 2022, quando me propus a explorar a complexidade da imigração e da condição de ser estrangeira. Após seis anos vivendo em um país distinto, retornei à minha terra natal, experimentando novamente o reconfortante senso de pertencimento dentro de um conglomerado de referências sócio-culturais e geográficas. Apesar desta sensação, persistia uma estranheza em relação ao que é íntimo e familiar, dando origem à busca pelo encaixe e pertencimento a esses territórios que venho percorrendo desde 2022.
Esta série foi desenvolvida em um contexto de vida nômade, se fazendo por via terrestre percorrendo territórios do Brasil, Argentina, Chile e Bolívia. Durante o percurso da vigem compreendi que minha experiência não se limitava ao ato de se adaptar à realidade e ao território, mas sim à necessidade ter um papel ativo, ocupando efetivamente os lugares por onde transitava. Uma metáfora pictórica de estar em condição de imigrante e/ou nômade através da pintura.
Essa dinâmica se materializa previamente por meio de centenas de pinturas (acrílica, guache, aquarela), passando por diversas fases que intitulei de 1 à 4, sendo elas:
Fase 1 - Encaixes verticais.
Marcadas por uma trama vertical, onde formas geométricas buscam se encaixar entre si, apesar das diferenças e incompatibilidades formais.
Fase 2 - Formas conectadas.
Nesta fase, as formas se retiram das tramas verticais e se conectam através do toque das formas e/ou por um fio que conectam cada peça.
Fase 3 - Formas encaixadas.
As formas geométricas se adaptam umas às outras de forma à permitir um encaixe quase perfeito das peças entre si.
Fase 4 - Pintura protótipo.
Nesta última fase, as pinturas tomam forma fora do papel e se transformam em objetos ativos, podendo ocupar os espaços pelos quais passo durante a viagem,